Como seria um espectáculo no qual o público tivesse a possibilidade de escolha? Com certeza, o resultado não seria um espectáculo convencional, mas sim uma experiência teatral à la carte.
Antes de ser um espectáculo, ‘10X10’ é uma experiência teatral que assenta na aleatoriedade própria da opção em tempo real, tanto do actor como do público. O projecto teatral pensado para apresentação em espaços não convencionais de teatro tem por base um diálogo directo entre actor e público propondo uma colaboração activa por parte de ambos na construção em tempo real desta experiência teatral à la carte.
À la carte porque o espectáculo é da pura responsabilidade do público, uma vez que este último escolhe a ordem de apresentação e a quantidade dos textos a serem apresentados, quais os actores que levam à cena cada um deles, e quem representa qual personagem, ou mais simplesmente, quem fala primeiro.
Antes de ser uma experiência, ‘10X10’ é um processo de pesquisa sobre a noção do aleatório e a aceitação do erro como fenómenos indissociáveis de qualquer processo criativo – e mesmo científico – mas também como variáveis que permitem questionar o cânone teatral e o seu modus operandi tradicional.
A incorporação do aleatório e do erro na produção teatral cria um novo campo de acção, um novo espaço onde actor e público são cúmplices na construção de uma mesma realidade, não uma outra ‘realidade’ imposta pela quarta parede, mas sim uma actualidade que está a ser formada em tempo real.
‘10X10’ é um espectáculo informe, no qual nenhum texto é apresentado da mesma forma duas vezes. A experiência, essa, nunca mais se repete.
10 textos
mais ou menos 'dramáticos'
O convite à criação de textos permitiu chegar além fronteiras e contactar com autores representativos da nova escrita criativa portuguesa e internacional. Dos 60 textos recebidos, seleccionamos 10. O critério de selecção não tomou em consideração a forma do texto, foram escolhidos textos dramáticos como textos em prosa, manifestos e outros tantos géneros difíceis de categorizar. Os textos foram seleccionados não só pela sua originalidade e/ou qualidade literária, mas também pela incorporação de ambiguidades ou situações dúbias que despoletassem múltiplas interpretações e perspectivas sobre um mesmo texto. A ambiguidade, o aleatório e o próprio erro tornaram-se dados essenciais na (des)construção dramática dos textos originais, características estas que foram exponenciadas no desafio de escrita criativa realizado no início do processo de ensaios, com os actores e com os autores Ana Marta Fortuna, Rita Burmester, Tiago Montenegro e Vera Cunha. O resultado do desafio permitiu antever inúmeras possibilidades na inclusão da figura do escritor no processo criativo da pesquisa teatral pela criação de texto a partir da sala de ensaios.
10 actores
entre o drama e a comédia
O período de ensaios foi propositadamente reduzido. Os textos distribuídos aos actores pouco tempo antes do início do período de ensaios. Os actores, esses, nem se conheciam até ao primeiro dia de ensaios. Três variáveis que produziram diversos episódios entre o drama e a comédia.
10 actores num processo experimental que passou pela descoberta de uma linguagem comum entre os intérpretes, pela clarificação da relação do actor com o público e vice-versa, pela sintetização do trabalho de actor à transmissão clara e eficaz da mensagem, pela descoberta da regra, para assim poder abusar desta, e finalmente, pela aceitação do erro como elemento essencial no processo criativo do actor.
Se retirarmos o cenário, os adereços, a luz cénica e, eventualmente, o próprio palco, resta-nos o actor e o público que habitam um mesmo espaço e um mesmo tempo. Teatro resume-se a esta comunicação entre estes dois grupos distintos – actores e espectadores. Teatro não é nada mais que um grupo observando o outro. Como Vera Cunha escreve em 'Confrontos': 'Rufem os tambores, tragam os bobos da corte, os palhaços e farsantes.'
[ images: poster and trailer by Emanuel de Sousa; photos by Vitor Leite ]
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a partir de 'O Diário de Anne Frank' de ANNE FRANK
No ano em que se celebra os 80 anos do nascimento de Anne Frank, FRANK explora uma personagem única do séc. XX e da história da humanidade. Publicado postumamente pelo seu pai Otto Frank, ‘O Diário de Anne Frank’, oferecido no seu 13º aniversário, documenta a sua vida de 12 de Junho 1942 a 1 de Agosto de 1944. Anne e a sua família mudou-se para Amesterdão em 1933 depois da ocupação nazi da Alemanha. Com a ocupação da Holanda, e com o início da perseguição judia, a família esconde-se a partir de Julho de 1942 num ‘anexo secreto’ no edifício de escritórios de seu pai Otto Frank. Depois de 2 anos, o grupo foi descoberto e transportado para campos de concentração, Anne morreria sete meses depois.
O monólogo para uma actriz, desmultiplica-se em inúmeras personagens reais e fictícias que materializam 'O Diário de Anne Frank', num percurso emocional delirante pela mente da jovem judia.
CACE Cultural do Porto – IEFP
29 Outubro 2009 [estreia]
30 Outubro 2009
31 Outubro 2009
01 Novembro 2009
Mais informações em estacazeroteatro.com
Labels: anne frank, estaca zero, Hitler, performance, Portugal, teatro, theatre, WW2
'Beyond' Book Launch and Roundtable
Short Stories on the Post-Contemporary
Presentation 'Urban Fictions' by Colin Fournier (The Bartlett) + discussion panel
Organised by Emanuel de Sousa (AA), Ines Dantas (Studio3.\ WUDA)
and AA Bookshop
Wednesday, 23 September, 6.30, AA Dining Room
'Beyond' is a new book series dedicated to new, experimental forms of architectural and urban writing. A bookazine in which an extended network of young and upcoming European architectural writers will be given the freedom to survey the outline of themes and things to come.
In an age when conceptual thought is undoubtedly one of the rules of attraction, it is expected that writing may provide again an arena where images are returned to their original frame: the speculative imagination. By seeking expressions that may escape the academic circle and the simple service of the prevailing photographic image, 'Beyond' will propose stories and essays that come near to fiction’s ability to prompt a deeper, appealing reflection on themes that concern us all.
The invited guests are Colin Fournier (The Bartlett), Pedro Gadanho ('Beyond' editor, shrapnelcontemporary.wordpress.com), Liam Young (tomorrowsthoughtstoday.com) and Sam Jacob (fat.co.uk).
Support: Studio3.\institute for experimental architecture Innsbruck
Labels: AA Manifesto, architecture, Beyond, Colin Fournier, Liam Young, magazine, Pedro Gadanho, Portugal, Sam Jacob