Álvaro Siza Vieira
Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil
Vencedor do Leone D'Oro na Bienal de Veneza em 2002, a Fundação Iberê Camargo mostra Siza Vieira no seu melhor. A força da curva e dos tramos rectos intersectantes, só atestam a facilidade e controlo dos dispositivos disciplinares e a vontade de os levar a um exponencial transcendente.
Uma riqueza formal que se aproxima de maneira inequívoca das fases finais de Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, onde a manipulação formal atinge novos limites. Tal como estes, o fascínio das rampas é aqui reforçado pela sua separação e autonomia face ao volume concreto, como se se tivessem deslocado e formado um novo volume quase material.
Tal como referido por Carlos Eduardo Comas, de longe, as rampas assemelham-se à 'Helmet Series' de Henry Moore. Estas rampas disformes parecem quase continuar a sua pesquisa do interior-exterior, interior no interior, interior no exterior, exterior no interior, exterior no próprio exterior, a eterna questão do dentro e do fora, e do fora cá dentro, tal é a ambivalência do espaço intersticial entre as rampas levitantes e o volume agarrado ao céu.
Entramos num espaço que aprentemente é encerrado pela abóbada celeste, um dentro ainda cá fora.
Relembrando Henry Moore, os consequentes volumes que se espraiam pelo terreno assemelham-se a um braço de uma armadura, com articulações diversas para a criação de múltiplos espaços entre o interior e o exterior.
As rampas que formam fugazmente este espaço ilimitado parecem nos trazer à ideia as múltiplas rampas do centro cultural SESC de Lina Bo Bardi, os rasgos explosivos na parede de betão, uma certa ingenuidade sabida do efeito transcendente que se quer criar. Como num desenho de criança, onde na imperfeição se encontra a mais pura das verdades, a verdade do espaço. Nunca presente materialmente, sempre omnipresente metafisicamente.
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